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Como é ser mãe e desenvolvedora no mercado de tecnologia

Como é ser mãe e desenvolvedora no mercado de tecnologia

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Os desafios de ser mãe nos dias atuais são inúmeros. Conciliar trabalho, carreira profissional, estudos e especializações com a rotina de uma criança não é uma tarefa fácil.

Além das dificuldades em conciliar trabalho e maternidade, muitas mulheres ainda se deparam com preconceito no mercado de trabalho. Ainda há empresas que dificultam a entrada mulheres que são mães ou, até mesmo, perguntam na entrevista se a pessoa pretende ter filhos, isso antes mesmo da contratação.

Muitas empresas ainda possuem um pensamento engessado de que você não conseguirá se dedicar 100% a um projeto por ser mãe, mas a tecnologia hoje te permite conciliar muito bem ambas as atividades. A opção de trabalho remoto, por exemplo, permite que você não gaste tanto tempo em trânsito e deslocamento e assim consiga passar mais tempo com os filhos e a família.

O mercado de tecnologia é majoritariamente masculino e exige cada vez mais mão de obra qualificada. Na Europa, por exemplo, há iniciativas para incluir mais mulheres na TI. O setor de software na Europa precisa de mais profissionais e especialistas na área de computação. Isso também inclui um grande número de mulheres.
A Umbler entrevistou duas desenvolvedoras que são mães para contar sobre essa experiência e as dificuldades encontradas no caminho:

Aline Bastos

Frontend Developer

– Relato de como é ser mãe e dev. Como conciliar a rotina maluca de desenvolvedora com a maternidade?

“É bem complicado ser mãe e dev.
Estando em qualquer carreira, uma mulher que é mãe já trabalha mais do que um homem. Como dev a mulher ainda tem que dividir seu tempo entre filhos, casa, trabalho e estudos, pois nessa carreira temos que estar estudando e nos atualizando sempre.

A forma que eu encontrei para estar mais perto da minha filha é trabalhar remotamente. Antes disso, nosso tempo juntas era extremamente escasso, pois acordávamos muito cedo, eu a levava para a escola, ia para o trabalho, à tardinha a buscava na escola e íamos pra casa. Chegávamos em casa bem tarde, devido ao trânsito. Eu estava sempre cansada, e acabava não dando tanta atenção a ela como eu gostaria.

Assim que comecei a trabalhar remotamente a nossa qualidade de vida melhorou muito, não precisei mais deixá-la na escola em período integral, e assim que acaba a minha jornada de 8 horas eu já estou com ela, descansada, com tempo livre, inclusive para os estudos.

Mesmo assim, ser mãe e ter uma carreira é bem difícil, pois raramente sobra tempo e/ou dinheiro para um curso ou um evento. O networking e aprendizado acabam sendo praticamente todos online, pois é difícil ainda existir cursos e eventos que aceitem crianças, e, como mãe solo, eu dependo disso para conseguir participar.

Ano passado aconteceu um evento maravilhoso que mudou a minha vida, o Django Girls. Quando eu vi que teria espaço kids a minha felicidade foi tanta que me inscrevi como instrutora na hora! Foi maravilhoso participar de um evento inclusivo assim!

E tem cada vez mais eventos querendo incluir as mães!”

Nesse cenário tão dinâmico e em constante inovação que é o mundo da tecnologia, não podemos nos acomodar com o que já sabemos, é preciso buscar sempre mais conhecimento. Confira esse post que preparamos com eventos, iniciativas, páginas, comunidades e cursos feitos por mulheres e voltados para a capacitação feminina na tecnologia.

– Sabemos que, infelizmente, ainda existem empresas que exitam na hora de contratar mulheres que têm filhos, ou ainda que demitem mulheres após o período de licença maternidade. Como você enxerga isso? Uma palavra de conforto para que mulheres não desistam da carreira após a maternidade.

“Infelizmente ainda existem empresas que tem preconceito com mulheres que são mães. Eu passei por uma situação horrível em uma entrevista quando estava começando a minha carreira, em 2010, procurando o primeiro emprego na área, e essa situação quase me fez desistir de tudo.

O dono da empresa tinha visto no meu currículo que eu tinha uma filha e, na entrevista, começou a falar que eu não seria uma boa funcionária, pois ficaria pensando nela, preocupada com ela, faltaria ao trabalho e não renderia! Perguntei por que ele tinha me chamado para a entrevista, então, já que já sabia que não me contrataria por ser mãe. E ele respondeu que me chamou porque tinha ficado curioso. Saí de lá completamente arrasada, desnorteada, chorando e pensando em desistir de tudo. Eu conto essa história aqui.

Sorte que outra empresa entrou em contato comigo em seguida e acabei sendo contratada, pois estava a um passo de largar a carreira de dev que eu estava começando. Não sei se depois disso alguma empresa já deixou de me contratar por ser mãe, se aconteceu eu não fiquei sabendo.

Mas quero dizer que dá sim para ser mãe e desenvolvedora! É bem cansativo, como qualquer carreira é para uma mãe, mas se é que nós gostamos de fazer, vale a pena! A melhor coisa é nossos filhos crescerem com o nosso exemplo de estarmos trabalhando com algo que gostamos :)”

Desenvolver softskills e liderança feminina também é fundamental para uma boa colocação no mercado de trabalho, afinal o que importa é o quanto você tem capacidade e dominação na área, e não quantos filhos pretende ter. Por isso a Umbler reuniu muitas mulheres que ocupam cargo de destaque e liderança em suas empresas para dar dicas de carreira e liderança.

Julia Naomi Boeira

Desenvolvedora na Thoughtworks

– Relato de como é ser mãe e dev. Como conciliar a rotina maluca de desenvolvedora com a maternidade.

“A maior dificuldade ocorre nos primeiros anos, nos quais as crianças são menos autônomas. É difícil completar uma jornada de 44 horas quando se tem alguém doente em casa. No meu atual emprego tenho a opção de fazer home office e as pessoas tem sido compreensivas com essas necessidades, mas no emprego anterior a realidade era diferente. Eu era obrigada a compensar as horas perdidas e não podia fazer home office. Além disso, no emprego anterior eu era responsabilizada no final da sprint por atrasos como esses.

Outra dificuldade encontrada é em conciliar os horários. Minha mãe me ajuda muito quando tenho que buscar ou levar meu filho aos lugares, mas ainda tenho necessidade de interromper o fluxo de trabalho para pegá-lo na escola ou na casa da outra parte.”

Felizmente o trabalho remoto tem se tornado cada vez mais próximo da realidade de muitas empresas, o que facilita muito a vida de quem quer se dedicar à carreira profissional, mas não quer abrir mão da maternidade. A nova lei trabalhista também contempla a opção de trabalho remoto mais clara e especificamente e na Umbler o home office já é realidade.

– Sabemos que, infelizmente, ainda existem empresas que exitam na hora de contratar mulheres que têm filhos, ou ainda que demitem mulheres após o período de licença maternidade. Como você enxerga isso?

“Acredito que se a lei desse os mesmos direitos para a outra parte, haveria menos penalização das mulheres no ambiente de trabalho. Infelizmente nossa sociedade ainda pensa que é dever único e exclusivo das mulheres cuidar dos filhos e exalta homens que fazem menos que sua parte. Sou favorável a equidade de direitos no pós parto, garantindo o bem da criança e da mulher. Creio também que a mulher deveria ter um período de estabilidade garantida na empresa, como dois anos após licença maternidade, já que estar desempregada e com um filho para cuidar dificulta encontrar emprego e caso consigamos, nos garante uma demissão certa nos primeiros meses.

Infelizmente muitas mulheres escondem o fato de terem filhos para ter sucesso no trabalho. Outro motivo de esconderem são os comentários recebidos como “mas tu deveria estar cuidando dele e não trabalhando”.

A maioria da população brasileira é composta por mulheres, segundo dados do IBGE. Além disso, as mulheres vivem mais tempo, têm mais educação formal e ocupam 44% das vagas de emprego registradas no país. E mesmo com todos esses dados, o número de mulheres desempregadas é 29% maior que o de homens.

O mercado de tecnologia no Brasil e no mundo é um dos mais ricos em quantidade de oferta de vagas, mas, de acordo com a Women in Tech, 74% das meninas que demonstram interesse pelas áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), apenas 0,4% delas escolhem estudar ciências da computação. Neste Umblercast reunimos mulheres para falar sobre carreiras, oportunidades, educação e debater o cenário atual do mundo tecnológico.

Seguir ou não carreira na tecnologia não deve ser uma decisão influenciada por estereótipos aprendidos quando crianças. Falamos de capital humano, força de trabalho e entusiasmo, que é totalmente independente do gênero. Em suma, precisamos de mais mulheres no campo da tecnologia, porque cada vez mais empregos estão sendo criados. Além disso, a diversidade melhora o resultado dos projetos, trazendo mais criatividade para as equipes e expandindo a visão para alcançar novos objetivos.

Felizmente há muitas empresas que vem quebrando essa cultura de trabalho e oferecendo ambientes acolhedores e igualitários. A Umbler é uma delas. Vem fazer parte do time coala!
Tem alguma experiência e quer compartilhar com a gente? Conta nos comentários!

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